Micael - 29/setembro -
O que posso aprender de um Arcanjo?
Evelyn Schewen
Hoje em dia, quando uma conversa gira em torno do tema arcanjo, algumas pessoas elevam suas mãos num gesto de recusa e simplesmente dizem que não lhes venham com essas idéias antiquadas na era da conquista lunar, dos foguetes e computadores. E, exaltadas continuarão dizendo: um anjo que, com a melhor boa vontade, não consigo ver, deve ser o espírito do tempo – espírito que dirige a nossa época? Da época das máquinas, etc.? Isso já é demais.
É realmente demais?
Este arcanjo é descrito como um ser lutador. Ele tem a espada nas mãos. Com essa espada ele separa os espíritos, os escuros dos claros, os que trabalham para o futuro da humanidade daqueles que só fazem coisas para si, enfim os bons dos maus. Sua imagem é luminosa. Ele também é chamado “a face de Cristo”. Seu olhar é sério, pois, para o julgamento próprio, para diferenciar, para lutar, necessita de compreensão, de saber e de coragem. Sua postura, apesar da luta, é serena, pois ele não procura a discórdia, mas está pronto a lutar se o adversário o chamar ao combate. Ele não desafia outros à luta, mas ajuda aqueles que como ele estão sós numa luta corajosa. Sua aparência irradia clareza, coragem e força. Seu olho é infantilmente brilhante. Mais ou menos assim escritores medievais e pintores descrevem o ser desse arcanjo. Será que tais qualidades anímicas podem ser significativas para o homem de hoje? Será possível que um ser descrito dessa forma pode ser considerado o espírito atual da nossa época?
Se nós hoje dirigirmos o olhar à nossa volta, no nosso meio ambiente, então teremos mil coisas à nossa frente que, num primeiro momento, não saberíamos dizer com certeza se são boas ou más, se são possíveis ou justas. Coisas da vida diária estão perante nós como perguntas, como nunca estiveram antes. Pode minha filha de 13 anos já ter um namorado? Na minha época não era assim... Posso acreditar naquilo que o locutor do noticiário diariamente comunica na TV? Há 20 anos atrás, eu não sabia dos pormenores das coisas que aconteciam no mundo. Será que o uso da energia atômica, apesar de incrivelmente perigoso, pode realmente ser necessário para o desenvolvimento da humanidade? É certo que, quando morro, estou realmente morta e não existo mais? Devo fazer aquilo que no meu ambiente de trabalho meu chefe me dita, apesar de ter reconhecido que este “fazer” não tem sentido? É possível que no século XXI, países ainda façam guerra, apesar de hoje, após duas guerras mundiais, já ser bastante claro para qualquer pessoa que o derramamento de sangue não traz soluções para os problemas? Mil perguntas diárias como essas poderiam ser apresentadas. Perguntas que cada um de nós se faz diariamente.
Mas uma pergunta, a minha pergunta, só eu mesma posso responder, para mim mesma, se eu quiser me libertar dela de vez. Eu posso pedir a meu semelhante, ao meu vizinho, meus amigos, a opinião sobre essa pergunta. Mas sempre fica, no final, a última questão, que somente eu mesma posso responder. Será que eles têm razão? Está certo aquilo que eles pensam? Está certo aquilo que eu penso?
Então percebo rapidamente que em qualquer pequena coisa da vida atual me são exigidas capacidades de julgamento. Eu mesma tenho que julgar o que pode ser ou não, o que não é bom para mim e para os meus. Um problema grande e difícil, que requer pensar próprio. Quão facilmente eu deixo que outros assumam esse problema por mim.
Ter capacidade de julgar requer grande atividade. Eu só sou capaz de julgamento se penso com seriedade e discernimento. Dito com outras palavras, se posso separar os espíritos um dos outros. Então, muitas vezes, estou só no meu meio, com os meus julgamentos formulados. Se quero suportar este estar só, então necessito de coragem, e sempre uma nova coragem como guerreiro na hora da luta.
Quantas vezes tomo parte de uma conversa e quero dizer que acho errado o que os outros pensam, mas permaneço calada, porque tenho medo de estar só no mundo com o meu julgamento. Ou eu, como jovem, vou a uma festa e lá todos os meus amigos fumam. Quanta coragem necessito eu, com 17 anos, para dizer: “Não, eu não quero”, apesar da certeza do escárnio e incompreensão dos meus colegas. Todos estão convencidos das conquistas da técnica, como por exemplo, a TV. Quanta coragem necessito para explicar que, para mim, mais de uma hora de TV por dia provoca sono e depressão. Quanta coragem e certeza interior, de que espírito lutador necessito, se não compartilho com as expectativas dos meus semelhantes, simplesmente porque minha verdade é diferente das expectativas deles. De quanta simplicidade infantil necessito para, apesar dos inúmeros problemas de hoje, ter olhos brilhantes e uma alegria decidida em relação à vida?
Não deveríamos nós, como o fazem os jovem sem preconceito, experimentar todas as capacidades do julgamento, da serenidade, da simplicidade infantil, da coragem para com os conflitos da luta de que Micael, esse espírito da época, faz uso? Se esse espírito do tempo, se esse arcanjo de fato existe, não poderia me ajudar, se eu, nos momentos de desespero e de dúvida, lhe pedisse ajuda? Talvez então eu vivenciasse sua presença quando a mim me falta a própria força de decisão e de coragem. Pois do arcanjo Micael sempre foi narrado que ele só ajuda quando é chamado, porque ele respeita muito a liberdade do homem. Será que eu não poderia também, em relação a isso, aprender muito com ele para minha vida diária?